Act of a demon or the work of god

terça-feira, 30 de novembro de 2010



              
               Aquele caminho era longo, muito longo. Sabia que se eu fosse, em algum momento, teria de voltar. Mas isso não me importava tanto... As árvores ao redor, o ar fresco daquele campo artificial e a leve brisa que carregava levemente meu corpo eram tudo que eu queria sentir, não importava a distancia, eu só queria mais uma vez aquela sensação. Sentir algo puro era tudo o que eu queria. Sair daquela turbulência, daquela agitação desnecessária, do egoísmo, mascaras e mais mascaras... corações frios. Fechar-me num casulo verde e calmo, isolado daquele ar cinzento e nuvens escuras de carbono que choviam tristeza e rancor.
            Então corri. Corri até que minhas pernas não pedissem mais para parar, apenas não se agüentassem e me empurrassem no chão. E já sem fôlego eu levava o restante do meu corpo ao encontro do chão. Deitado e ofegante. Nada mais passava por minha mente. Não ouvia buzinas, brigas, brocas, britadeiras. Apenas o som que as folhas faziam quando a brisa passava por elas.
            Eu sabia que em algum momento teria de voltar ao tumulto, mas enquanto estava ali estava livre! Era quem eu quisesse ser.Podia ser eu mesmo. Tudo era sublime, puro, sem mascaras. A cidade não existia, os prédios não existiam, a dor não existia.
            Mesmo assim, sempre voltarei para o mundo que chamam de real até o dia que conseguir levar tudo que preciso para que meu casulo verde seja perfeito, ate que consiga levar você.